Com o Fabio Blanco, meu amigo ainda virtual, jornalista e consultor deste blog, aprendi o que é um gancho no jornalismo: O gancho é uma estratégia criada no jornalismo para conectar assuntos de uma matéria a acontecimentos do dia a dia ou recentes, para que a abordagem pareça sempre atual.
Hoje 11/09/2021, 20 anos após o ataques terroristas às torres gêmeas, entendi ser um bom dia para fazer um gancho.

Acredito que todos vocês que tinham mais de sete anos de idade na época, devem se lembrar exatamente o que faziam no dia 11 de setembro de 2001, quando as torres gêmeas de Nova Iorque foram alvos de ataques terroristas por dois aviões Boeing e o prédio do Pentágono foi também atacado por um deles em Washington.
Meus pais, caso estivessem ainda vivos, se lembrariam de 11/09 com a mesma intensidade do dia 22 de novembro de 1963, quando o presidente John Kennedy foi assassinado em Dallas.
Do mesmo modo, Carlos Drummond de Andrade relatou se lembrar da penúltima passagem do Cometa Halley pela Terra em 20 de maio de 1910 quando tinha 7 anos, cuja passagem naquele ano foi deslumbrante e inesquecível, bem diferente da última aparição do Halley em 1986, que foi bem tímida e muito frustrante.


No dia 11/09/2001, eu me lembro exatamente que estava sentado com Guima na sala de configuração do SDCD Honeywell no prédio do 30 X da refinaria da Alumar em São Luís – MA, bolando com ele uma malha de controle de processo da digestão, quando Buru entra na sala arfando e suando muito. Nos olha sério e diz:
” O mundo tá acabando minha gente, é o final dos tempos ! ” , dois boeings colidiram com as torres gêmeas em Nova Iorque, um outro avião no Pentágono e tem mais alguns voando em direção a outros alvos americanos.

Hoje, ao ouvir uma bomba dessa, a primeira reação de qualquer um seria sacar do bolso o smatphone, fazer uma busca no Google e acompanhar uma live no YouTube das torres e do Pentágono em chamas.
Mas 20 anos atrás, nossos celulares tipo tijolinho e ainda com antena, não tinham nada de inteligentes. Quando muito, além do básico telefone, recebiam mensagens de texto. Então, corremos para a sala do Buru e acompanhamos do desktop dele as imagens chocantes da tragédia pela internet.
Ontem, assistindo a um episódio da Guerra do Pacífico em cores no canal Smithsonian, ao ver um avião Mitsubishi Zero japonês pilotado por um kamikaze patricio meu, colidir com um navio de guerra americano, ficou claro para mim de onde Khalid Sheikh Mohammed ou KSM, teve a ideia do ataque às torres gêmeas e depois passou a Osama Bin Laden, que por sua vez materializou o maior ataque terrorista sem precedentes na história.

Depois da onça morta, até cachorro faz xixi nela… Pois é, mas quem antes de 11/09 pensaria em sequestrar quatro aviões civis com tanques cheio de querosene e fazer um ataque suicida em alvos símbolos dos EUA ?

Quanto mais eu vivo, menos eu entendo o ser humano. Como podemos ser tão sensíveis e iguais para nos emocionarmos com uma boa jogada de Messi, Neymar ou CR 7 no futebol e ao final do jogo, pegarmos novamente as nossas AK 47 e voltar a dar tiros contra o inimigo, que também é um viciado pelo futebol e estava há pouco tempo também assistindo ao mesmo jogo, só que em outra sala?


Com tantos problemas a resolver neste planeta, cura para doenças novas e já existentes, cura do câncer, catástrofes naturais, fome, emissão de CO2, aquecimento global, entre outros, para que perder tempo, energia e recursos com guerras infindáveis e sem sentido, cuja paz poderia ser negociada com um pouco de recuo de cada lado ?


Alguém dirá acertadamente que se não fossem as guerras, não haveria o desenvolvimento tecnológico de hoje que tanto nos dá conforto e a internet talvez nem existiria. Mas será que não haveria outros caminhos não belicosos como inovações na sustentabilidade do planeta ( terra , ar e águas), em tecnologia de alimentos ou em medicamentos para se chegar ao mesmo grau de desenvolvimento tecnológico?
No cursinho do colégio Positivo em Curitiba no ano de 1981, presenciei de perto o que é o ódio. Na sala anfiteatro de 300 alunos , antes do início das aulas da manhã de um dia normal, um garoto judeu atacou transtornado um outro colega filho de alemães se jogando sobre ele, dando socos e pontapés sem parar, porque ele fez um comentário anti semita.
Refleti naquele dia como o ódio pode ser transmitido através das gerações… Meu colega judeu não estava vivo quando Hitler cometeu o horrendo holocausto ao povo judeu, mesmo assim era como se ele tivesse estado lá e sofrido toda aquela injustiça na pele e agora quer se vingar de qualquer um que ouse falar mal de judeus.

Acredito que Deus, criou esse mundo, as pessoas e depois tomou uma cartela de Doril ou até uma caixa inteira e sumiu, deixando o pau quebrar por aqui.
Eles que são humanos que se entendam, deve ter sido o racional dele.
As únicas dicas que Ele deixou foram:
” Façam o que quiserem por aqui, mas a gente se vê no juízo final ! Lá o filho chora e mãe num vê ! hehehe”
e depois complementou:
” Quem sonha em ter 72 virgens no paraíso, vai esperando , vai ! hehehehe”


Aos 15 anos, eu idealizava um mundo mais humano, justo e menos desigual. Hoje aos 56 anos, consciente que isso não será possível, me contento em fazer um movimento silencioso pegando algumas estrelinhas de milhares que agonizam pela praia e devolvê-las ao mar, dando a elas uma segunda chance de viver.

Com essa crônica, ou em outras que escrevo, tento à minha maneira passar uma mensagem útil e positiva que possa inspirar alguém e com isso me sentir menos culpado da minha passividade.
Rui Sergio Tsukuda – setembro/21
Nesse dia eu estava ministrando treiamento de ABS (Alcoa Business System ou Lean Manufacturing) para um grupo de fornecedores da Alumar lá no Parque Ambiental, retirado da planta, sem acesso à internet. Soubemos quando alguma esposa ligou para o marido contando o ocorrido. Só fui ver as imagens quando cheguei em casa às 6 da tarde. Confesso que chorei de emoção, de ver quão desumano pode ser o ser humano.
Como dizia o filósofo Djalma, da Sala de Cubas: “O ser humano é do caralho”!
Grande abraço meu amigo.
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Muito triste Montoro, sempre me emociono ao ver as reportagens do 11/09. Obrigado pelo comentário. Abraço
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Oi Rui, eu sou totalmente da paz! Não compreendo todas essas guerras, conflitos, violência e principalmente armas. A nossa vida é tão curta, o planeta Terra é tão azul e lindo!
Gostei demais da sua crônica, que venham muitas outras!! Abraços
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Oi Neide , obrigado pelo comentário. Concordo com você ! Bjusss 😙 a Juju !!!
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Oi Rui , nesse 11/09/2001 estava no Hospital Erasto Gaertner com o Gabriel ( 4 anos ) , acompanhando na seções de Quimioterapia. Deitado com o Gabi assistindo TV , logo surgiu noticiário , plantão da Globo . Foi um terror , logo ligue para Josi que estava no Banco trabalhando. Todo mundo perplexo com tanta barbariedade!
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Oi Caio, todo mundo se lembra exatamente do que fazia no dia né ? Igual também a 1 maio 94 quando o Senna morreu na Itália . Obrigado pelo comentário. Abraço
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Rui, obrigado pela menção!
Apesar dos meus 11 anos na época, lembro-me certinho de entrar no carro da minha mãe, quando ela foi me pegar no colégio, e já ser pedido pra fazer silêncio enquanto ela ouvia a notícia do ataque no rádio.
Dia único, realmente. E essa tarefa de entender os humanos é mesmo impossível.
Suas crônicas nos ajudam muito, tenha certeza!
Abração!!
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