A Copa do Qatar de 2022 estava chegando quase despercebida para mim, pois o foco do segundo semestre de 2022 eram as eleições presidenciais. Mas passado o pleito eleitoral, quando me dei conta, o Brasil já estrearia contra a Sérvia.

O meu interesse pela Seleção Canarinho caiu bastante desde o inesquecível 7×1 contra a Alemanha aqui no Mineirão na Copa de 2014, a ponto de pouco me interessar pela Copa da Rússia em 2018 e nem assistir a nenhuma partida do Brasil nas Eliminatórias da Copa desse ano.

Mas quando a bola começou a rolar no Qatar, um sentimento de pertencimento a esse país aflorou mais uma vez em mim. Tudo começou na Copa do México em 1970. Apesar de ter só seis anos, quando tocava a canção: ” Noventa milhões em ação, pra frente Brasil …” , meu coração disparava!
Nem sabia o que era ditadura militar e tampouco me dava conta que enquanto a festa rolava nas ruas, o pau comia nos porões do DOPS e os gritos de dor dos ditos subversivos, eram abafados.
Só ouvi novamente o hit do presidente Medici, quando Regina Duarte, numa entrevista na CNN em 2020 puxou o refrão: “Todos juntos vamos, pra frente Brasil, Brasil, salve a Seleção!” e refrescou a minha memória. Com toda a repercussão gerada, percebi que cantar mesmo baixinho essa canção hoje em dia, é como passar em frente a uma sinagoga lendo o livro Mein Kampf, do Hitler em voz alta.
Apesar do time do Brasil na Copa desse ano não ter convencido nos jogos contra Sérvia, Suíça e Camarões na fase de grupos, o primeiro tempo contra a Coreia do Sul nas oitavas de final, me animou e achei que o Brasil estaria entre os finalistas mais uma vez.
Já pensava na Argentina de Messi e companhia nas semi-finais, porque a Croácia, nosso adversário das quartas de final, embora atuais vice-campeões mundiais, era um time cansado e velho, que vinha se arrastando até às quartas de final.
Mas quando terminou o primeiro tempo do jogo, ficou claro para mim que a estratégia da Croácia de levar o jogo até a prorrogação e pênaltis estava funcionando. Quando tinham a bola, ficavam os jogadores do meio de campo trocando passes, sem objetivo nenhum, literalmente cozinhando o galo de carne dura, sem panela de pressão e fogo baixo.

Como o gol não saia, Tite fez alterações desesperadas, sacando o Richarlison e Vinícius Junior. Apesar de Rodrygo ter entrado bem, quando esses dois craques saíram eu pensei: “Putz, perdemos dois batedores de pênaltis e o Gabigol ficou no Rio”.
Quando o Neymar fez aquele gol maravilhoso aos 10 minutos do segundo tempo da prorrogação, eu tive a certeza que estávamos na semi-final com a Argentina, isso se ela passasse pela Holanda.
Mas faltando apenas 5 minutos para o jogo terminar, num contra ataque, Modric liderou o time e num chute de fora da área, Petkovic fez um gol milagroso, desviando em Marquinhos e complicando ainda mais para o nosso arqueiro Alysson.
Naquele instante eu pensei: FERROU ! (para não dizer outra coisa). Uma coisa é ir para os pênaltis com 0 a 0, outra é estar com a partida praticamente ganha e ser obrigado a ir para as penalidades máximas.
Eu sabia que as nossas chances eram poucas, quase nenhuma. Estávamos emocionalmente abalados, sem o Vini Jr e o Pombo para bater os pênaltis e para piorar, não foi Neymar que iniciou a série. E deu no que deu!
Me revoltei com Tite e Thiago Silva, nosso capitão, que não gritaram: ” Fura a bola!” como bem comentou o Galvão Bueno.
“Faltam só 5 minutos, fica só trocando bola no meio de campo, fazendo eles de bobinhos e pé na canela do Modric se ele pegar a bola” eu teria gritado a eles.
Mas não, a soberba dos brasileiros os levou a subir para tentar fazer mais um gol e matar o jogo, aí o contra-ataque fatal veio, na única bola chutada a gol deles, que eu me lembre. Para que subir meu Deus?
Eu confesso a vocês que sofri mais com essa derrota, que com o 7×1 contra Alemanha. Porque em 2014, desde o primeiro tempo, já não havia mais nada a fazer. Era só tentar fazer um ou outro gol para diminuir a vergonha. Mas contra a Croácia não, o jogo já estava praticamente ganho… só faltavam 5 minutos para acabar o jogo.
Lidar com a perda sempre foi complicado para mim. A realidade por definição é um fato imutável. Aconteceu e pronto, já era! Mas como uma criança, me lembrei que o Superman, ao perceber que Lois Lane havia morrido, deu várias voltas na Terra e consegui voltar no tempo e salvar a sua amada. Ou na Canção do Novo Mundo, Milton escreveu questionando a Deus: ” Porque você não fez a bala parar… ” referindo-se ao assassinato de John Lennon.

Mas como disse Galvão: “Vida que segue, futebol não resolve problema de país nenhum, de guerra nenhuma e de mundo nenhum , mas que não era para ter perdido esse jogo, não era mesmo! “
Bom, agora é torcer para o Marrocos ser o improvável campeão dessa Copa!
Desde a última sexta-feira, continuo a minimizar e repetir para mim mesmo que o jogo contra a Croácia, foi só um jogo de futebol, só isso. Mas tá difícil!
Rui Sergio Tsukuda – dezembro/22
https://aposenteidessavida.com/
Rui, eu perdi 1,5 dias lá na Alumar por causa do futebol. Estava dando treinamentos de ISO/IEC 17025, Cálculo de Icerteza e fazendo um diagnóstico do Lab. Tive que voltar prá casa 2 dias depois do que deveria. Fiquei 2 dias a mais sem ver meu netinho. Acehi sacanagem esse negócio de Copa do Mundo. O “Pão e circo” funciona, o Brasil parou nos dias de jogo. Ainda bem que acabou, tudo volta ao normal, ou quase isso! Grande abraço, um feliz natal e “vamo que vamo”.
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Oi Montoro, isso mesmo : Muitos trovões e pouca chuva… Mas faz parte. Copa só daqui 4 anos. Abraço
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